O jovem Galois |
O texto de Galois, segundo Mario Livio (2008, p. 152), foi "um manifesto impressionante exigindo uma reforma completa no ensino das ciências". Livio seleciona dois trechos do artigo, que reproduzo aqui (apesar de falarem da realidade da França do século XIX, são absolutamente atuais. Os grifos são meus):
Até quando os pobres jovens serão obrigados a ouvir ou a repetir o dia inteiro?
Quando lhes será concedido algum tempo para refletir sobre esse acúmulo de conhecimento, para ser capaz de coordenar essa infinidade de proposições, nestes cálculos sem relação?
(...) Os alunos estão menos interessados em aprender e mais interessados em passar nos exames.
Por que os examinadores não propõem aos candidatos perguntas formuladas de uma outra maneira que não ludibriosa?
Parece que eles temem ser compreendidos por aqueles a quem estão interrogando: qual é a origem desse deplorável hábito de complicar as perguntas com dificuldades artificiais?
Esses fragmentos vão ao encontro de alguns dos resultados apresentados em um artigo recente, publicado na revista Science (Deslauriers et al., 2011), que mostra como aulas baseadas em atividades e resolução de problemas, isto é., em um comportamento ativo do aluno, são mais eficientes que aulas tradicionais, nas quais apenas o professor fala.
Sobre a obra de Mário Livio, ela faz uma síntese do pensamento matemático e político de Galois e também discute interessantes aspectos do papel das simetrias nas ciências naturais. São pouco mais de 300 páginas ágeis e escritas em uma linguagem atraente, a despeito da presumida aspereza do tema.
Referências:
Deslauriers, L., Schelew, E. & Wieman, C. 2011. Improved learning in a large-enrollment physics class. Science 332, 862-864. DOI: 10.1126/science.1201783.
Livio, Mário. 2008. A equação que ninguém conseguia resolver: como um gênio da matemática descobriu a linguagem da simetria. Editora Record, Rio de Janeiro.
Autor da imagem: Desconhecido
Montagem: Matheusmáthica
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