Acompanhe a seguinte charada: na margem de um rio estão um leão, um carneiro e um fardo de capim. É preciso transportar tudo para o outro lado, mas não se podem deixar o leão e o carneiro juntos, nem o carneiro e o fardo juntos. O que fazer? A resposta exige raciocínio lógico. Primeiro, você leva o carneiro e volta sozinho. Em seguida, leva o leão e traz o carneiro de volta. Depois, leva o fardo, deixando o carneiro sozinho. E, finalmente, volta sozinho e leva o carneiro.
Esse tipo de charada fascina a humanidade há milênios. Amais nova febre do gênero é o sudoku. Apesar de popularizado no Japão, o jogo foi criado por um suíço. A regra consiste em preencher um quadrado com algarismos entre 1 e 9, sem repetir nenhum número na mesma linha, coluna ou nos quadrados. O jogo ganha cada vez mais adeptos no Brasil, é encontrado em dezenas de sites e publicado em jornais e revistas. Em quatro meses, a tiragem da revista Coquetel com o passatempo quadruplicou. O sudoku também gerou uma série de variantes que circulam por jornais, revistas e internet.
O que fascina tanto quem procura esse tipo de jogo? A resposta, segundo especialistas, é que, além do desafio, é prazeroso ver todos os quadrados do sudoku preenchidos. "Há o prazer de pensar 'eu realizei essa tarefa'", diz o matemático Cláudio Possani, professor do Instituto de Matemática e Estatística da USP e fã do sudoku. "Todo mundo tem espírito matemático", afirma o matemático Luiz Barco. "Não sei se adquirimos isso nos primeiros anos de vida ou se está no código genético. Jogar desperta o espírito lúdico."
De acordo com a história da Matemática, o quadrado mágico, cujos números sempre somam o mesmo valor nas linhas, colunas e diagonais, surgiu por volta de 3000 a.C, descoberto pelos chineses. Na década de 80, a febre era o cubo mágico. O sudoku pode ser considerado uma espécie de mistura desses dois antepassados.
1º campeonato mundial de sudoku recebeu 85 pessoas de 22 países |
O sudoku também costuma viciar. A atriz Geena Davis conta que jogá-lo virou uma obsessão. "Descobri na internet os modelos 'monstro', maiores e mais difíceis que os tradicionais", diz Geena. "É fascinante." É na rede que se acham os diversos tipos de passatempo numérico. Há sites que oferecem um sem-número de possibilidades de sudoku e kakuro. Na ânsia de criar desafios mais difíceis, há sudokus que misturam letras e números (256 casas para preencher, contra 81 no tradicional) ou com o alfabeto (625 casinhas). Uma espécie de variante do sudoku, o kakuro também ganha adeptos pelo mundo e é publicado em jornais e revistas.
"Todo mundo tem espírito matemático"
Além de divertir, os passatempos matemáticos e lógicos são uma ginástica para o cérebro. "Eles desenvolvem habilidades, envolvendo inteligência e rapidez no processamento de informações", diz o neurologista Luiz Celso Vilanova, da Universidade Federal de São Paulo. "Por isso, é possível extrapolar o que se aprende nos jogos para outras situações, facilitando a descoberta de soluções para os problemas cotidianos." Situações que requerem lógica são comuns no dia-a-dia. "O raciocínio lógico é inerente ao ser humano. Os jogos exploram o pensar, fundamental para qualquer atividade", diz Claudio Possani.
Há outros passatempos que exigem, além de lógica, conhecimentos matemáticos. Mas isso não afugenta quem gosta do tema. Pode até ajudar a despertar o interesse, principalmente dos adolescentes. Professores costumam usar jogos e charadas para incentivar atividades lúdicas e lógicas. "O kakuro é um jogo típico para usar em atividades escolares, pois une estética, gosto pelo desafio e conteúdo matemático específico", diz Possani. Além dele, o tangram - baseado em figuras geométricas - é adotado para estimular habilidades espaciais e geométricas.
Autora: Renata Leal
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Referência:
Revista: Época (adaptada)
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